sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Noite de Natal

E lá estava Gigi sentada na sacada brincando com seu novo lap top (rosa, com corações e músicas agradáveis do tipo “O velho Mac Donald tinha uma fazenda”). Meu pai e eu estávamos abrindo o primeiro champagne (opa, espumante) da noite, começamos pelo pior que estava na geladeira. Gotas de Cristal (uh pobreza). Os três na sacada sentados, esperando a noite de Natal chegar.

De repente, no alto do morro de Canudos, um barulho de freada. Um ser, constrangidamente bêbado às 19h, não venceu a curva da esquina da minha casa e bateu em nosso cordão da calçada. A roda do cara se deslocou do carro, a boca do bueiro quebrou, e a esposa do tiozinho chegou aos berros: “Tu estava bebendo já a esta hora? Como tu vai chegar assim na casa da minha mãe?”. Depois de uma hora de discussão abaixo de nossa sacada, chega o guincho e leva aquela interrupção embora.

Voltando para o momento família, já estávamos na segunda garrafa (Peterlongo) e com a companhia do meu irmão. Sim, o lap top e a Gigi continuavam com suas lindas músicas a tocar. Então se escuta uma gargalhada endiabrada, meio bruxelesca. A Gi corre pra pular no meu colo. Mas era apenas o papagaio do vizinho rindo.

Então a noite chegou e um puta vento começou a assoprar.

- Gi, acho que o Papai Noel deve estar chegando.

Começa então a operação: Papai Noel não existe, mas temos que disfarçar.

Minha mãe leva os presentes ao pinheirinho. Enquanto isso na sacada Gigi tem uma súbita vontade de fazer xixi. Se ela sair, passaria pelo pinheirinho e veria a vó em pleno ato. Seguro Gi no colo e começo a falar dos prédios iluminados. Meu irmão sai da sacada e diz que vai buscar o arroz na cozinha de baixo, para a ceia. Meu irmão faz barulhos de quem está tropeçando e chega correndo de volta a sacada.

- O Papai Noel quase me atropelou! Eu vi ele saindo da nossa sala!

Daí fomos ao pinheiro e lá estavam todos os presentes que ela queria. Assustada, com olhinhos brilhando de felicidade, ela não sabia se abria os presentes ou se ficava alerta (medo) quanto ao Papai Noel voltar.
- Mãe, aquele vento forte era o trenó no Papai Noel pousando em cima da nossa casa.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Mosaico

Um chão com pedras coloridas, um mosaico desalinhado. Não se formava nenhuma figura, se formavam várias. Sentados no banco de madeira e concreto, conseguiam dar forma as cores das pedras craqueladas. Cada um com seu palpite, seu dedo apontando a direção do olhar, sua explicação razoável. Convencendo um ao outro do que se queria enxergar.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Do rei de copas ocas.

E naquele fervente minuto se intrometeu a razão, o raciocínio. Algo tão plausível. Um pouco mais de obrigado e menos dentes amarelos. Torturante imaginação que te deixa a beira de saber o que é realmente a razão. Não escute desta, tire sua carta maior. Enfrente de perto um baralho de espadas. Um bando de canalhas. Uma doméstica amante, levante tua cabeça e fala, e grite! Deixa este teu ingênuo pensamento concretizar. O sei tudo dentro de um sei nada. Uma porta aberta e tu preferes nem olhar quem chega por lá. Migalhas em centavos e uma risada furada. Teu medo de perder o trono, tua gana de não parecer um bobo. Vire as costas e não escute os comentários, infeliz rei solitário. Desta tua majestade leva pra casa a coroa enfartada.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Enjoy the other side.







Gel lubricant by Durex. Enjoy the other side.

Agência: McCann Erickson Italy, Milan
Fonte: I believe in Advertising

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A moça do guardanapo

Dê adeus aos teus antigos discos
Eu só tenho mais alguns minutos

Não larga desta mão
Somos dois em uma paixão

Pequena e medrosa
Fruto de alguma derrota

Eu pensava nela a cada instante, a cada porra de minuto distante. Sua boca não saía da minha mente e minha saliva transbordava em imaginar tocando seus lábios. Me sentia um tarado platônico, virou obsessão e eu nem ao menos vi isto acontecer.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Problemas em ir ao banheiro?

É considerado um dos mais famosos laxantes internacionais, praticamente uma celebridade daqui para fora do país, Dulcolax.


A marca implantou rolos gigantes de papel higiênico vazios pelas ruas da Alemanha. Estrategicamente postos em frente a diversas farmácias.


Ataque de guerrilha cômica: deve ter obtido um retorno eficiente quanto aos seus clientes e um desastroso quanto as privadas alemãs.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Quando o rápido satisfaz

Entre todas outras lá estava a única

Indelicada beleza

Meu cinzeiro sem cinzas

No tom de qualquer canção

Alimenta desta verdade

Torna-te minha dúvida

Quando a tarde cair

Já seremos um ontem

Quando tua noite chegar

Eu já terei ido embora

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Guardanapo

Ela saiu de trás de uma coluna vermelha, desbotada, descascando sua tinta e bem no meio de toda aquela confusão. Virou-se delicadamente, tudo em câmera lenta, fechou seu celular e olhou diretamente em meus olhos. Um momento surreal, uma mágica explícita do desejo. Minas pernas ficaram leves de mais para o restante do meu corpo.

Não conseguia desviar dela, bebi mais um pouco daquela cerveja parada, acendi um cigarro chinelo, único que vendiam no bar. As pessoas falavam comigo e eu apenas murmurava algo, queria dizer para calarem a boca e me deixarem sozinho. Gente sem consideração, rindo alto e tentando abraçar a todos. Me larga, sai do lado, vai pra pista, me deixa.

Havia tantas pessoas entre nós, e uma enorme incerteza de chegar até lá.
Nervoso sai à procura de um guardanapo. Aproximei-me do balcão do bar, muitas pessoas penduradas nele. Mínima atenção a mim, sempre achei que não tivesse cara de quem tem grana, não desperto o interesse dos garçons. Me debrucei sobre o balcão e estiquei o braço até alcançar um guardanapo, aproveitei para pegar uma caneta que estava ali do lado.

Senhorita que és tão bela
Tua serenidade me faz imaginar
Teu olhar me provoca desejo
Súbito desejo com apenas um olhar
Não consigo chegar mais próximo
Te deixo um beijo demorado
E uma grande vontade.

Passei por ela e entreguei em suas mãos o guardanapo rabiscado, não tive pudor nem de olhar em seus olhos novamente. Sai do bar e deixei pela primeira vez meu amor pra trás.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Sempre tem o lado over do negócio.


Na publicidade o furo é mais em baixo, ou no meio neste caso.

Cannes é sério demais para criatividade de alguns, às vezes a idéia correta não sai e não adianta sacudir o cérebro. Mas as impertinentes brotam com tamanha facilidade que alguns não deixam isto ser desperdiçado.

Por isto, há o “desecannes”!

Prêmio às publicidades xulas e jamais aprovadas pelos clientes.
São simples idéias escrotas com imagens bem encaixadas, genial.

No meio de tantos trocadilhos, olhem acima o dedo na rosquinha vencedor do primeiro lugar.


Chá la la

Um sache de chá serve para, no máximo, umas duas rodadas.

As folhas duram, em média, para apenas uma boa caneca com água quente.

Os chás pretos são os preferidos, abolindo o café da rotinha deixa-se o espaço para ele.

Uma colher se açúcar se o chá for quente, nada de adoçante com sabor de remédio. Se for gelado, sirva com pedras de gelo e só.

Tudo isso é uma grande besteira que nunca terá relação com qualquer coisa escrita no decorrer desta porra. O fato é que gosto de chá e as canecas me atraem.